Resende-Estado do Rio de Janeiro. Vamos contar a história da acensão e declínio de uma empresa de ônibus, Auto Comercial Tupi Ltda., ou simplesmente Viação Tupi, como era conhecida.
Sou testemunha ocular dessa história, que tantos benefícios trouxe para Resende, e muitos serviços foram prestados em colaboração participativa com eventos cívicos.
O início: ... por volta dos anos de 1965 e 1966, o transporte de passageiros entre Resende e os distritos de Itatiaia e Engenheiro Passos, era feito por uma empresa concessionária estadual, denominada Turismo Itatiaia Lotações, de propriedade dos senhores Oscar Maia e Luiz Aguiar.
A frota era composta por um ou dois ônibus, e algumas lotações do tipo Kombi. O escritório da empresa era localizado em Itatiaia, à margem da Rodovia Presidente Dutra, época em que esta rodovia só dispunha de uma pista em mão dupla. Posteriormente, com a construção da segunda pista, o terreno da empresa teria sido desapropriado.
... Ao final de 1966 e inicio de 1967, duas situações afetaram a empresa que até então atendia aquele transporte distrital de passageiros; primeiro, a empresa não estava bem economicamente, e segundo, houve uma mudança na legislação estadual, fazendo com que o transporte se desligasse da esfera de atuação do Estado.
A empresa perde consequentemente, a sua concessão estadual, por força do Decreto nº 12.778, publicado no Diário Oficial de 14 de janeiro de 1967, decreto este que estabelecia novo regulamento para as concessões e transferência de linhas. O transporte agora, passaria para o controle e permissão da Prefeitura Municipal.
Em Resende, o prefeito era então o Dr. Aarão Soares da Rocha. A ocorrência destes fatos, ou seja, a precária situação econômica da empresa e a perda de sua concessão estadual, fez com que os seus proprietários desistissem do negócio, e fez também com que o município de Resende se encontrasse momentaneamente "desprovido" de um serviço essencial ao deslocamento da população dos distritos de Itatiaia e Engenheiro Passos.
Surge a Tupi: foi então, que em fevereiro de 1967, os pioneiros Hildebrando Martini, Êneo Martini, Getúlio Martini, Helenio Martini, Fernando Marassi e Mário Hermes Marassi, resolveram criar uma sociedade, e fundaram a empresa AUTO COMERCIAL TUPI, uma Empresa de Transporte Coletivo Municipal, cujo requerimento de permissão foi prontamente deferido pela Prefeitura Municipal.
O inicio da empresa Tupi, não foi nada fácil. Foi um inicio marcado pelo amor à empresa criada, e marcado pelo esforço e muita dedicação de seus colaboradores. A operação das linhas começava às 05:00 h da manhã, e encerrava seu último horário às 00:30 h (meia noite e meia).
Motoristas e cobradores de ônibus se revezavam entre horários escalonados, pois não havia muitos funcionários e não havia muito tempo para o serviço de revisão e manutenção dos veículos, e também não havia ônibus reserva para suprir uma eventual paralisação de qualquer veículo.
O expediente era ininterrupto, trabalhando sábados, domingos e feriados, empre acompanhado pelos seus diretores, com auxilio de alguns poucos funcionários abnegados (inclusive eu estava entre eles), tanto na administração como na manutenção.
A frota era composta de apenas 4 veículos, e as instalações eram precárias. Faltava estrutura na garagem, na oficina e no escritório, mas sobrava vontade de vencer. A sede da empresa localizava-se em frente à Estação Rodoviária Augusto de Carvalho, numa garagem alugada.
Mas, pouco a pouco, ao longo de algumas décadas, a situação foi melhorando, e nesse espaço de tempo, ocorreram várias alterações e mudanças na sociedade, mas a empresa continuava próspera e com excelente situação econômico-financeira. Apesar disso, seus donos resolveram vender essa empresa, objetivando outros investimentos na praça do Rio de Janeiro.
O Declínio: em 1994, a empresa foi vendida para um grupo de Volta Redonda, ou seja, o "Grupo Agulhas Negras", mas essa nova administração foi um fracasso; durou até o inicio do ano 2000, quando finalmente sucumbiu.
A empresa não suportou o volume de dívidas acumuladas. As financeiras entraram com vários processos de busca e apreensão de veículos, o INSS também autuou a Empresa, e os funcionários inclusive eu, ficamos sem receber nossos salários.
Finalmente, a Empresa fechou as portas, e os processos Judiciais continuam vigentes, se arrastando até hoje, com a lentidão da Justiça. Uma lástima, mas enfim "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu". Guilherme Köhn.
Bom o relato sobre histórico da empresa, mas após a venda das empresas para o grupo Agulhas Negras! Faltou relatar que logo após os novos donos assumirem as 3 empresas, estranhamente o Prefeito de Resende na época, resolveu fazer uma licitação de todas as linhas que eram dessas empresas, ignorando que as 3 empresas tinham acabado de ser vendidas e novos donos assumiram as empresas. Muita Sacanagem isso! O tal prefeito fez a licitação, entrou a Transporte Urbano São Miguel deus sabe de onde veio essa empresa. Mas agora em 2022 a população de Resende paga um preço muito carto pela empresa da São Miguel na cidade, um monte de ônibus velhos, sucateados caindo aos pedaços. Em Resende a insatisfação com os serviços da São Miguel ultrapassa os 90% Se o tal prefeito tivesse deixado os serviços com o Grupo Agulhas Negras com certeza os serviços estariam muito melhor.
ResponderExcluirEntão se o prefeito da época retirou as linhas das empresas Tupi, Manejo e Paraíso, não teria como as empresas continuar, pois perdeu as linhas!
ResponderExcluirOlá Guilherme boa noite tudo bem?
ResponderExcluirMe tira uma dúvida?
Na época que a Viação Tupi pertencia ao Eneo Martini, quem era os proprietários da Viação Manejo e Viação Paraíso?
No 2000, a Viação Tupi, Manejo e Paraíso, sob a administração do Grupo Agulhas Negras fizeram a renovação da frota . Alias, colocando veículos melhores do que a da finada São Miguel. O culpado da derrocada da Tupi, Manejo e Paraíso tem nome, o ex prefeito Eduardo Meohas.
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