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PATRÍCIA RICHARDS


Pat

          Patrícia Richards, ou simplesmente "Pat",  Suitland, Maryland, USA.  Uma garota americana, que por algum tempo, foi minha assídua correspondente.  Já faz bem tempo, foi lá pelos anos de 1975 a 1978, mais ou menos.  Com ela, aprendi bastante sobre o idioma Inglês.  Apenas por correspondência, nada mais.


          Essa época, não faz tanto tempo assim, mas não havia computador;  ou se havia, não era tão popular como atualmente.  Não havia Messenger, não havia celular.  Não havia Facebook.  Crianças de hoje, pensam que essas maravilhas sempre existiram.  Não imaginam como era a nossa vida sem essas facilidades.

          Mas, eu e a minha amiga Pat, conversávamos sim, à distância.  Mas era por correspondência, via correio.  Eu escrevia uma carta para ela, e ficava esperando a resposta.  E vice-versa.  Quando eu recebia uma carta da Patricia, era para mim uma aula de inglês.  Nessa época, eu sabia um pouco de inglês, mas não muito.  As palavras que eu não entendia, eu buscava o significado no dicionário; mas às vezes, eu não encontrava.

          A Patrícia Richards, era uma garota moderninha, me chamava de Bill, e falava muita gíria.  Eu gostava, porque assim eu também aprendia.  Às vezes dava para captar suas ideias, apenas pelo sentido do que ela queria dizer.  Mas, muitas vezes, eu perguntava por carta, o que significava tal e tal palavra.  Então sua cartinha-resposta demorava, eu ficava ansioso, mas ela me explicava. 

          Percebendo essa minha dificuldade com gírias (slangs), certa vez a Pat me mandou uma carta com uma relação de palavras, de um linguajar mais pesado na gíria americana, e para cada palavra ela dissertava sobre o significado.

          Só não posso contar aqui neste Blog, sobre essas palavras "chulas", porque senão, eu me sentiria assim, um "sem vergonho", como se diz na linguagem caipira.  "Sacanagem", a gente aprende mas não fala (e nem escreve);  só entre amigos, como eu e a Patrícia.  Mas é bom que a gente aprenda o significado dessas palavras que o dicionario não traz. 

          Eu fui "apresentado" à Patrícia, por um amigo chamado Lauridos.  Na verdade, ele me deu o endereço dela, porque ele também se correspondia com várias garotas falantes do idioma inglês.  Mas, depois de algum tempo, a minha professora, a Pat, cessou o seu contato comigo.  Não sei o que houve. 

          Será que fui muito chato?  Trabalhoso?  Será que eu disse alguma coisa que não devia?  Sinceramente não sei, e numa data um pouco recente, procurei por ela via Facebook, mas ela também não está lá, pelo menos eu não a encontrei.

          Mas não importa.  Foi bom enquanto durou.  Afinal, nem tudo é como a gente quer, ou gostaríamos que fosse.  Nas minhas lembranças, ainda curto a sua amizade.  Patrícia Richards, ou simplesmente Pat, do seu amigo, Bill.
Maryland

NOEL DE CARVALHO


Prefeito de Resende

          Eu vou pintar um Quadro, usando apenas um pincel imaginário, e a tinta feita somente de palavras.  Serão apenas algumas pinceladas sobre Resende-RJ.  Não será nenhuma obra de arte abstrata, mas uma visão realista.  Mas, eu não poderia falar de Resende, sem ilustrar com uma figura este comentário; a figura de um homem chamado Noel de Carvalho; Prefeito, Político, Empreendedor.


          Venho acompanhando, ou melhor, assistindo o desenrolar da política resendense, desde a minha transferência para esta cidade em 1967.  Mais adiante, em 1976, se não me falha a memória, Noel de Carvalho se elegeu Prefeito de Resende, juntamente com seu vice, Oscar Sampaio. 

          Nessa época Resende era uma cidade, digamos, de pequeno porte; uma cidade carente de moradias, de industrias e de abastecimento de água.  Isto só para falar das carências mais importantes, pois faltava muito mais, e que eu nem saberia enumerar nesta breve avaliação. 

          Pois bem, Noel de Carvalho construiu uma cidade dentro de Resende; a Cidade Alegria (e resolveu o problema da carência de moradias); Noel de Carvalho triplicou o serviço de abastecimento de água (e até hoje, não há falta d'água na cidade);  canalizou para Resende, outros serviços Educacionais e de Saúde para propiciar e atrair a vinda de industrias multinacionais a se instalarem no município e gerar emprego (a própria população é testemunha dessa realidade).

          Em poucas palavras, Resende deu um salto progressista de 20 anos, só nessa gestão de 6 anos do Prefeito Noel de Carvalho.  Vale ressaltar, que a Prefeitura de Resende não dispunha de verbas ou dinheiro para todas essas obras e empreendimentos, mas o Noel de Carvalho era um político de verdade, dinâmico, sabia buscar e canalizar recursos de onde fosse preciso; através do governo federal ou estadual, através da Caixa Econômica ou de qualquer outra entidade.

          Até aqui, este quadro é apenas uma pequena introdução, pois o que eu gosto mesmo é de ser um Cronista Narrativo Descritivo, e contar estórias que ficam perdidas por aí, na poeira do tempo, e que talvez ninguém nunca soube, ou então já se esqueceu.  Vou contar, pois, uma estória.  Lembro-me que aconteceu no ano de 1982.  Foi assim:

          Nessa época mencionada (1982), o Governo Federal (de João Figueiredo), por razões que não cabem neste comentário, racionou o consumo de combustível.  Os Postos de gasolina estavam proibidos de funcionar aos sábados e domingos.  Era proibido estocar combustível (gasolina ou óleo diesel).

          Eu trabalhava numa Empresa de ônibus, a Viação Tupi, como era conhecida, e que operava no transporte de passageiros entre Resende x Itatiaia x Engenheiro Passos.  A Empresa também tinha que obedecer a um racionamento, isto é, havia uma cota de consumo de combustível permitida: só poderia retirar na refinaria uma quantidade "x" de combustível;  era tudo controlado. 

          Todavia, a cota de consumo que a Empresa Tupi (onde eu trabalhava) recebeu, era insuficiente, pois a Empresa também tinha seus controles, e sabia muito bem da sua necessidade econômica e o quanto consumia.  A Empresa enfrentava assim, um dilema.  O que fazer?  Diminuir horários, reduzir a frota para economizar combustível?  Isto iria prejudicar não só a Empresa, mas também aos usuários, que necessitavam locomover-se através do transporte interdistrital coletivo de passageiros.

          Diante desse problema, o dono da Empresa, Êneo Martini, foi falar com o Prefeito Noel de Carvalho, e expor a situação, afinal, as linhas eram municipais.  O Prefeito, muito atencioso e sensível ao problema, pediu que a Empresa fizesse então um requerimento dirigido à Prefeitura, e relatando detalhadamente a questão. 

          Pois bem, eu mesmo redigi esse requerimento.  Entregamos nossa petição "urgente" ao Secretário municipal, que na época era o Sr. Augusto Leivas.  O Secretário elaborou outro requerimento em nome da Prefeitura, encaminhando anexo a nossa petição. 

          Havia no Governo federal, um órgão controlador, denominado CRCC (Conselho de Racionamento do Consumo de Combustível).  Muito bem.  O que fez o Noel de Carvalho (Prefeito)? Munido dos documentos em questão, utilizou-se de uma viatura da Prefeitura, foi até o Rio de Janeiro, e de lá embarcou num avião com destino a Brasilia. Lá em Brasilia, ele brigou (no bom sentido da palavra), para resolver o problema da Empresa e do seu Município.  E logrou êxito. Regressou de Brasilia com a solução nas mãos, ou seja, com a cota de consumo revista e ajustada conforme a necessidade da Empresa. 

          Este fato, incomum, não pode deixar de ser registrado de alguma forma, para que não caia no esquecimento através do tempo que a tudo consome, e que sirva como exemplo de uma proficiência, competência e habilidade de um Prefeito para resolver problemas.  É por esse motivo que eu relato essa estória aqui neste Blog, pois como diz uma conhecida frase:  "Verba volant, scripta manent" (palavras o vento leva, mas a escrita permanece).

          Deixo uma pergunta no ar, e quem puder me responda:  qual prefeito, hoje em dia, teria essa disposição para resolver um problema semelhante?

          Agora, estamos em 2017.  Já se passou algum tempo, é verdade, uma geração nova aí está, que não conhece o passado de uma cidade, mas ainda assim existem muitas pessoas como eu, por exemplo, que me recordo de muitos acontecimentos dentro do terreno político de Resende. 

          Recentemente, houve novamente eleições municipais.  Mas desta vez, Noel de Carvalho, candidato, não logrou êxito na sua eleição para prefeito.  Por que será?  Acho que uma frase responde muito bem essa questão:  "Algumas palavras só existem no dicionário, reconhecimento, é uma delas". Esta, é a minha opinião.
Quadro de Resende


PASSA QUATRO

          Vejam como é linda a cidade de Passa Quatro, no Sul de Minas Gerais, em plena primavera; um lugar  abençoado por Deus, pela sua beleza exuberante. 
Primavera exuberante
Vistas da cidade
Primavera

MÁRIO TAMBORINDEGUY


Dr. Mário

          O Dr. Mário Tamborindeguy, foi deputado federal por três mandatos consecutivos, ou seja, de 1958 a 1970.  O Dr. Mário, deixou marcas profundas em Resende-RJ, nessa época em que foi deputado.  O auge de sua carreira política e de negócios, foi na década de 60.


          A despeito do que possa ser contestado em questões políticas já passadas, o Dr. Mário foi um homem que gerou muitos empregos em Resende, através dos empreendimentos que aqui possuia, tais como o Restaurante Cidade Jardim Itatiaia, mais conhecido como Restaurante Tamborindeguy, e também a Companhia CITOR (com acentuação tônica no TÔR).

          CITOR era uma sigla, ou abreviatura de: Companhia Interestadual de Terraplanagem Obras e Reparações.  O Dr. Mário era também um empreiteiro na construção de estradas (como a BR 495 de Teresópolis).  Mas a unidade da CITOR que se localizava em Resende (Itatiaia) era na verdade uma oficina mecânica para o conserto de máquinas e tratores daquela Construtora de Estradas. 

          O nome CITOR foi tão forte na época que virou ponto de referência.  Quase vira um nome próprio ou geográfico de onde se localizava, às margens da Rodovia Presidentge Dutra, Km 316.  Até os ônibus que por ali passavam, traziam na sua vista ou para-brisa, a denominação do seu trajeto: CITOR x ITATIAIA; RESENDE x ENGENHEIROS PASSOS (VIA CITOR).  Não importava o que iam fazer, as pessoas diziam: "vou para a CITOR",  ou  "moro na CITOR", etc. 

          Tanto o nome CITOR como TAMBORINDEGUY foram nomes muitos fortes, que serviam de ponto de referência.  Até hoje, tem gente que ainda se refere àquele local como CITOR.  Mas, tudo se acaba, ou se transforma.  Nada é para sempre.  Um empreendimento que hoje dá certo, não quer dizer que dará certo amanhã.  Principalmente se não for bem conduzido administrativamente, ou por outras razões diversas. 

          Já no final da década de 60, suas organizações tanto de Resende como de outras localidades, davam sinais de declínio, e os acontecimentos por volta dos anos de 1971 ou 1972, culminaram com a extinção da CITOR, e a transferência do Restaurante Jardim para uma nova sociedade. 

          O Dr. Mário Tamborindeguy faleceu no ano de 1978, e pela importância que representou tanto para Resende como para Itatiaia, o seu nome bem que merecia ser homenageado com a denominação de algum logradouro público, pois o Dr. Mário Tamborindeguy, ainda hoje, é uma grata lembrança em nossa memória. 



TRIBUTO A CAXIAS


Patrono do Exército brasileiro

          Luiz Alves de Lima e Silva, marechal do Exército brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro no dia 25 de agosto de 1803 e faleceu a 7 de maio de 1880.  Até o fim de sua existência, gozava de grande popularidade, pois foi sempre um homem íntegro, quer como soldado, quer como político.


          Representou o mais brilhante papel nas lutas que agitaram o Brasil durante os primeiros tempos do Império.  Conseguiu pacificar as províncias de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, entre outras.  Comandando o Exército em operações no Paraguai, executou a famosa "Marcha do Flanco" (marcha militar), que conduziu as forças brasileiras a Humaitá (fortaleza no Paraguai), após uma série de brilhantes vitórias.

          Forçada a célebre passagem, Caxias perseguiu o inimigo através do Chaco (Paraguai), batendo-o nas memoráveis batalhas de Itororó, Avaí, Lonas Valentinas e Angostura, entrando depois vitorioso em Assunção.  Gravemente enfermo, deixou o comando das tropas e recebeu o título de Duque.  Ele foi o único duque brasileiro.

          "Sigam-me os que forem brasileiros!", era o seu brado de comando.  Hoje, patrono do Exército brasileiro, foi considerado pelos historiadores o maior oficial militar da História do Brasil.

SOU BRASILEIRO

Sou brasileiro
Com orgulho o digo
Na paz ou na guerra, contra o inimigo.
Ao mundo inteiro
Com orgulho o digo
Sou brasileiro!

Sou brasileiro
Desta terra o brilho
Há de ser com grande filho
Sempre altaneiro
Na virtude eu trilho
Sou brasileiro!

Sou brasileiro
Mesmo pequenino
Ponho na Pátria todo meu destino
Alma fagueira
Sempre altaneira
Cantarei o hino
Sou brasileiro!

Sou brasileiro
Quem não há de ser...
Na Pátria, imensa como a liberdade
Sempre altaneira
Quem assim não há de ser
Sou brasileiro!


O ZÉ BRASIL


Garagem de ônibus

          Estória ou Crônica, é uma narrativa popular ou tradicional.  Pode ser ficticia ou verdadeira. Quem já trabalhou muitos anos em uma empresa (qualquer empresa), com certeza tem estórias pra contar. Gosto de ouvir e contar estórias. As que eu ouço, eu conto aqui no Blog com minhas palavras. Estórias fazem bem ao nosso espírito, e compartilho com os amigos.  Esta é a minha intenção.  Algumas eu conto, outras não posso contar. Não vale a pena. Mas esta, eu vou contar. É a estória do Zé Brasil.


          ... Aconteceu em Resende-RJ, já faz algum tempo, envolvendo um motorista de ônibus da Empresa Auto Viação Manejo.  Essa Empresa tinha em seu quadro de funcionários, um motorista, bom profissional, chamado José Brasil, conhecido como Zé Brasil, ou simplesmente Brasil.

          Ele trabalhava todos os dias, dirigindo seu ônibus, e no fim do dia, ao término da sua escala de serviço, por volta de 8 horas da noite, recolhia o ônibus para a garagem.  Era assim todos os dias, rotineiramente, e no mesmo horário.

          Mas, eis que esse motorista, o Zé Brasil, começou a atrasar na entrega do ônibus na garagem. Às vezes recolhia o ônibus às 9 horas, ou 10 horas, 11 horas, ou até meia noite.  Mas ele sequer justificava os atrasos, mas os seus colegas de serviço notavam.  Afinal, o Brasil sempre fora pontual.

          "Tanto vai o cântaro à fonte, que um dia quebra", diz um ditado popular. E foi assim, que um dia alguém descobriu!  E logo um buchicho se espalhou célere entre os colegas de serviço, tanto na garagem como entre outros motoristas.

          Estava acontecendo o seguinte:  O Zé Brasil havia arranjado uma "namorada" (ou gambiarra), e todos os dias, em vez de recolher o ônibus para a garagem, ele o estacionava numa rua deserta, à beira do rio Paraíba, debaixo de algumas árvores frondosas, e ali ficava com sua desditosa namorada. Daí, a razão dos seus atrasos.

          O buchicho foi tanto, que chegou aos ouvidos do patrão.  E o Brasil foi chamado ao escritório da Empresa. Seus colegas ficaram apreensivos... Ih!  É hoje que o Brasil vai ser mandado embora! Ficaram todos amedrontados.

          Mas, o Brasil não foi demitido não.  Com certeza, recebeu apenas uma advertência, um "sabão", como se dizia.  Afinal, o Brasil era um bom motorista, e desde que o fato não se repetisse, ele continuaria empregado.  E assim aconteceu, o Brasil voltou a ser aquele motorista sempre pontual ao fim de cada jornada de trabalho.

          Passado o susto, a galera (seus colegas) não perdiam a oportunidade para uma gozação.  Alguém perguntava: - Quem descobriu o Brasil?  O Zé Brasil ficava furioso com essa brincadeira. - "Quem descobriu o Brasil?
- "Foi a puta que pariu", respondia o próprio Zé Brasil, vociferando com raiva.  Mas a turna nem ligava, e todos caiam na gargalhada.

          Pobre Zé Brasil, "botaram o ventilador na sua farofa". Mas enfim, "Não há segredo que tarde ou cedo seja descoberto".  É a lei da vida.
Ônibus



NOMES E APELIDOS


Eneo Martini

          Apelidos são usados desde a antiguidade.  Alguns apelidos serviam até para enaltecer as pessoas importantes, como por exemplo: "Ricardo Coração de Leão";  "Wilhelm o Grande", etc. Na Idade Média (na Alemanha), as pessoas eram conhecidas pelo que faziam, por exemplo: Müller (aquele que trabalha com o moinho);  Fischer (o pescador);  Schneider (o alfaiate); e assim por diante.


          Mas, atualmente, os apelidos, ou Alcunha, têm uma acepção diferente, sendo até demasiadamente informais, como veremos no decorrer deste comentário.  Particularmente, não gosto muito de apelidos.  Parece desrespeitoso ao indivíduo, da forma em que são usados.  Existem todavia, apelidos carinhosos, coisa de família.

          Eu tenho uma prima, por exemplo, que se chama Jaqueline, mas eu a chamo de "Biinha"; é que o seu pai, de raça alemã, gostava muito de cerveja;  e olhando para sua filhinha, ainda pequenina, dizia: - "essa sua cabecinha, loirinha, parece um copinho de cerveja".  E ele mesmo a chamava carinhosamente de "Bi-inha", ou seja, um diminutivo forçado de cerveja, que em alemão se diz Bier.

          Muitas estórias envolvem os apelidos mais estranhos e divertidos que conhecemos. Eu vou contar: ... Há muito tempo, quando eu trabalhava numa empresa de ônibus (veja a foto), era comum, diálogos como este:

     -  Quem é o motorista da linha tal?
     -  O motorista é o Formigão.
     -  E o trocador?
     -  É o jacaré.
     - E amanhã, quem está na escala?
     -  Amanhã é o Bastião Gambá e o Zé Galinha.

          E o patrão vociferava: - Pô, isto aqui é uma empresa, ou um Jardim Zoológico? Quero saber dos nomes... Só que os nomes quase ninguém sabia.  Apenas apelidos.  Havia mais bichos:  Havia um motorista, que era o "Camaleão";  quando bebia umas e outras, mudava de cor, ficava vermelhão.

          Havia o Beronha, o Sapo, o Marreco, o Porquinho... Mas não apenas bichos; tinha também o Pelé, o Fim de Mundo, o Dentinho, o Pé de Ferro... e cada qual com sua estória.  Lembro-me de um escurinho, ajudante de mecânico, apelidado de "Diagonal".  Que nome estranho para um apelido. Por que Diagonal?

          ... Bem, é que numa certa época, o Brasil estava jogando nas finais da Copa do Mundo; e na garagem da empresa, mecânicos, ajudantes e serventes, estavam trabalhando.  Mas, na hora do jogo, a turma se reunia em frente a um aparelho de TV.

          O jogo rolava, e o narrador da emissora de TV repetia com certa frequência, a expressão: ..." A bola saiu pela diagonal..."  -  "Saiu pela diagonal..."  E o tal ajudante de mecânico, saiu-se com esta pérola: - "Puxa vida, esse Diagoná é bão de bola né?  Toda hora a televisão fala o nome dele..."  A gozação foi geral e divertida. E o escurinho nunca mais foi chamado de outro nome.

          Refletindo sobre este assunto, é interessante notar que existem certos nomes próprios que adotam sem constrangimentos, alguns animais como sobrenomes, tais como: Coelho, Pinto, Carneiro, Lobo, Barata, Formiga, Bezerra, etc.  Nomes famosos, como Paulo Coelho, Jacó Barata, Nelson Carneiro, Magalhães Pinto e tantos outros.  Mas ninguém adota um nome ou sobrenome como Cachorro, Urso, Veado.  Pelo contrário; estes últimos, nomes de animais tão lindos, só servem para xingar: - Você é um cachorro! ... Amigo Urso! ... Viado!...

          Por que será? - Sei lá, são coisas do Bicho Homem.  Para finalizar, vou acrescentar uma foto; o nome do motorista desse ônibus, é o "Zé da Pêra".

   

CRÔNICAS KÖHN