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MEUS VINTE ANOS


Guilherme Kohn

          "Eu tinha vinte anos.  Acariciava o tempo e brincava de viver.  Como se brinca de namorar.  E vivia a noite, sem considerar meus dias que escorriam no tempo..."  Estes versos iniciais, são da música do cantor francês, Charles Aznavour, que vou transcrever e traduzir logo abaixo.  Trata-se de uma música maravilhosa que retrata uma fase da vida de todos nós.  O tempo... O tempo que não volta mais.  Tudo o que resta agora é a saudade.  Saudade de segredos meus, que não vou contar para você... Não... Saudade dos meus vinte anos.


          Charles Aznavour, foi um cantor dono de uma bela voz e de grande sensibilidade.  Nasceu em 22 de maio de 1924 em Paris e faleceu em 01 de outubro de 2018.  Nesta música, intitulada "Hier Encore", ele canta com as participantes que se chamam Elodie Frege e Sofia Essaidi, num evento musical em 2003, da Star Academy.

Hier Encore
Ainda ontem

Hier Encore, j'avais vingt ans
(Ainda ontem, eu tinha vinte anos)
Je careçais le temps et jouais de la vie
(Eu acariciava o tempo e brincava de viver)
Comme on joue de l'amour
(Como se brinca de namorar)
Et je vivais la nuit
(E eu vivia a noite)
Sans compter sur mes jours qui fuyaient dans le temps
(Sem considerar meus dias que escorriam no tempo)
J'ai fait tant de projets qui sont restés en l'air
(Eu fiz tantos projetos que ficaram no ar)
J'ai fondé tant d'espoirs qui se sont envolés
(Alimentei tantas esperanças que bateram asas)
Que je reste perdu ne sachant oú aller
(Que permaneço perdido sem saber aonde ir)
Les yeux cherchant le ciel mais le coeur mis em terre
(Os olhos procurando o céu, mas o coração posto na terra)

Hier encore j'avais vingt ans
(Ainda ontem, eu tinha vinte anos)
Je gaspillais le temps en croyant l'arrêter
(Eu desperdiçava o tempo acreditando que o fazia parar)

Et pour le retenir, même le devancer
(E para retê-lo, e até ultrapassá-lo)
Je n'ai fait que courir et me suis essouflé
(Eu só fiz correr e perdi o fôlego)
Ignorant le passé, conjuguant au futur
(Ignorando o passado, que conduz o futuro)
Je précédais de moi toute conversation
(Eu precedia de mim qualquer conversação)
Et donnais mon avis que je voulais le bom
(E opinava que eu queria o malhor)
Pour critiquer le monde avec désinvolture
(Por criticar o mundo com desenvoltura)

Hier encore j'avais vingt ans
(Ainda ontem eu tinha vinte anos)
Mais j'ai perdu mon temps à faire des folies
(Mas perdi meu tempo a cometer loucuras)
Qui ne me laissent au fond rien de vraiment précis
(Que não me deixam, no fundo, nada de realmente concreto)
Que quelques rides au front et la peur de l'ennui
(Além de algumas rugas na fronte e o medo do tédio)
Car mês amours sont mortes avant que d'exister
(Porque meus amores morreram antes de existir)
Mês amis sont partis et ne reviendront pas
(Meus amigos partiram e não mais retornarão)
Par ma faute j'ai fait le vide autour de moi
(Por minha culpa eu criei o vazio à minha volta)
Et j'ai gaché ma vie et mês jeunes années
(E desperdicei a vida e meus anos de juventude)

Du meilleur et du pire em jettant le meilleur
(Do melhor e do pior descantando o malhor)
J'ai figé mês sourires et j'ai glacé mês peurs
(Imobilizei meus sorrisos e congelei meus choros)
Ou sont-ils à present, mês vingts ans?
(Onde estão agora, meus vinte anos?)

O VENTO NÃO VAI LEVAR


Regina Duarte

          Há uma frase em latim, que eu gosto muito:  "Verba volant, scripta manent" (Palavras voam, a escrita permanece).  Trata-se de um provérbio, o qual sempre faço menção quando oportuno.  Assim sendo, o vento não vai levar um texto escrito por Regina Duarte (foto), referente a uma resposta espetacular dada a uma mulher, cantora, possivelmente invejosa e recalcada, chamada Zélia Duncan.


          O vento não vai levar, no sentido de perder esta mensagem, enquanto esse referido texto permanecer transcrito aqui no meu Blog e publicado no Google.  Regina Duarte, dispensa apresentação, pois é conhecida mundialmente, e foi apelidada carinhosamente como "A Namoradinha do Brasil".  Brasileiros, adoram Regina Duarte. 

          O mesmo, nem de longe, acontece com Zélia Duncan, uma cantora de pouca relevância, que gravou um vídeo em 21 de janeiro de 2020, de forma desrespeitosa, à nossa adorada Regina Duarte. Nesse vídeo, Zélia Duncan ataca o governo Bolsonaro, certamente porque ela perdeu a mamata da Lei Rouanet, (sabiamente bloqueada pelo governo), e ainda se diz uma "artista", elogiando-se a si mesma, desnudando seu próprio EGO.  Quem tiver curiosidade de ver esse vídeo, o encontrará no Youtube (mas é tão mesquinho que não vale a pena). 

           Me abstenho de publicar o vídeo dessa mulher neste trabalho, por não coadunar com a minha vontade imensa de elogiar Regina Duarte por ter aceitado o convite do nosso presidente Jair Bolsonaro, para assumir a Secretaria Especial de Cultura.  Leiam pois, a mensagem da Regina Duarte.

REGINA DUARTE RESPONDE À ZÉLIA DUNCAN

          "Sigo discordando por mais que eu tente olhar tudo com outros olhos e Zélia, me desculpe, mas vou discordar também de você e das amigas que compartilharam com adoração as suas palavras.  Me parece que agora um grupo de mulheres quer impor que todas pensemos da mesma forma.  E se não pensamos, não somos dignas.  Se não concordamos com todo o feminismo como um pacote de leis, não merecem respeito!

          Se apoiamos o governo que vocês não apoiam, somos idiotas!  Se não enxergamos tudo, tudinho como vocês, somos machistas.  Me parece que VOCÊS são mais FASCISTAS do que os que estão julgando como tal.  Acordem, porque tem uma galera torcendo que eu resgate as verdadeiras Malus Mulheres!  Zélia, eu sou uma MALU MULHER... Nascida nos anos 60, separada, com filha mulher... e lhe digo que minha maior dificuldade foi criar minha filha neste CAOS que a liberdade exagerada e o feminismo desenfreado geraram. 

          Nesse mundo onde os filhos são amiguinhos que devem correr soltos desde muito novos, desrespeitando professores, pais e autoridades.  Onde meninas fazem xixi e trepam nas ruas e ficam com 10 numa mesma noite... Grande conquista esta!!!

          Tive uma avó que se separou antes de eu nascer e que provavelmente enfrentou, sim, muito preconceito, mas que conseguiu criar minha mãe para ser um mulherão, por incrível que pareça exatamente porque a sociedade era mais conservadora - essa palavra que vocês odeiam como se fosse veneno, sem ponderar que alguns valores antigos são essenciais para a construção de um cidadão do bem!

          Minha mãe se tornou uma baita professora de piano que ajudou a vida inteira meu pai a formar um lar onde amor significava respeito pelos pais, pelos mais velhos e acima de tudo pelos papeis masculino e feminino - ambos tão essenciais para a sobrevivência da espécie.  Sem MACHO e FÊMEA vamos caminhar para a extinção.  Simples assim!!!  Essa onda de julgar as mulheres menos feministas de evangélicas tapadas me parece tremendamente PIOR que o machismo!

          E essa onda de jogar mulheres contra homens não me parece um caminho muito sensato - me parece mais um SUICÍDIO coletivo!  Não consigo aceitar essa luta por igualdade fazendo o que os homens idiotas fazem!!!  Eu acredito mais em buscar homens que NÃO são idiotas para serem parceiros de luta por respeito... independente do sexo ou de qualquer coisa.

          Eu amo meu papel de fêmea!  Tenho orgulho dele!  Foi e está sendo quase impossível tentar ensinar para minha filha valores de respeito por TODOS e valorização da condição de uma mulher numa sociedade onde o normal é romper com todas as regras, quebrar todos os tabus e não arcar com as consequências de tanta IRRESPONSABILIDADE!!!

          Eu sou sim, Malu Mulher, e não deixei de ser porque resolvi dar uma chance para algo de novo, que ao contrário do que você julga com tanta certeza que está trazendo mais racismo e homofobia... TALVEZ, esteja apenas resgatando alguns valores que vocês lutam contra, mas que eu sinto saudades... Sinto muitas saudades do tempo em que mulheres eram Malus... E não simplesmente IGUAIS aos HOMENS IDIOTAS!!!

          A classe artística precisa urgentemente olhar para o público e admitir que a MAIORIA já não mais os aplaude... Muitos cansaram desta visão única e hipoteticamente superior da de vocês!  Queremos DIVERSIDADE ampla e não engolir tudo que vocês fazem como de a Arte precisasse ser sempre impactante, chocante e unilateral.

          Queremos também LEVEZA, beleza, valores!  Valores de RESPEITO não apenas pelas minorias, mas também pela MAIORIA!  Façam a reflexão que tanto exigem dos "indignos" da sua Arte!  E parem de achar que quem não concorda com vocês é patético.  Vocês gritam por diversidade, mas são os que mais julgam quem pensa diferente!

          Podem criticar a REGINA DUARTE que aceitou uma responsabilidade enorme e ajudem a construir um país onde a pior desigualdade ainda impera!  Onde o povo não tem acesso à Saúde, Educação de base,  Saneamento,  Moradia e SEQUER pode sonhar com uma ida ao cinema ou ao teatro!  SAIAM do pedestal e olhem de igual para igual para este povo que é na maioria religioso e que preza acima de tudo por DEUS e segue regras consideradas por vocês, arcaicas. 

          ACORDEM, porque a fé é tudo que a maioria desse nosso povo tem!  Mais respeito pelos que não podem viver como vocês no mundo da magia da Arte!  SAIAM dos palcos e se MISTUREM ao público!" (Regina Duarte)

COMENTÁRIO FINAL:

          Apenas para quem não saiba, ou não se lembra, "MALU MULHER", mencionado no texto, trata-se de uma série de televisão brasileira, apresentada pela Rede Globo, e que repercutiu até no exterior, pela importante e valorosa dramaturgia que representava. 

          Regina Duarte interpreta a personagem Malu, uma mulher recém divorciada, que tenta vencer a vida sozinha, lutando contra os preconceitos da época.  É um drama de superação que somente uma mulher de valor poderia enfrentar.  "Sinceramente, o mundo precisa de atitudes.  Porque somente palavras, na maioria das vezes o vento leva". (anônimo).
Secretária da Cultura


VOCÊ E EU


Raíssa

          "Você é aquilo que ninguém vê.  Uma coleção de histórias, estórias, memórias, dores, delícias, pecados, bondades, tragédias, sucessos, sentimentos e pensamentos.  Se definir é se limitar.  Você é um eterno parênteses em aberto, enquanto sua eternidade durar".  Estes versos (ou frases), foram escritos por uma mestra em Psicologia Cognitiva pela UFPE (Pernambuco), chamada Raíssa Almoêdo de Assis (vejam a foto).  Ela também tem uma página no Facebook.


          O interessante, é que essa moça no seu "insight", juntou uma miscelânea de substantivos, verbos e locuções, e assim conseguiu sintetizar o perfil de todos nós, ou seja, aquilo que eu, você e todos nós somos.  As vivências de cada um se encaixam perfeitamente nesse resumo cognitivo.

          O que essa psicóloga fez, foi desenhar com palavras, tudo aquilo que se vive em casa, nas ruas, os retratos do dia a dia;  nossos dramas, acertos e desacertos, e até a nossa fé religiosa, que não está explícita, mas está subentendida quando ela fala em sentimentos, bondades e pecados. 

          E, mais precisamente, nossas tragédias citadas pela Mª Raíssa, podem muito bem envolver o nosso mundo político atual:  a nossa indignação pela corrupção institucionalizada que se instalou em nosso País por décadas, as injustiças e as fraudes, as desonestidades e suas consequências, enfim, outros tipos de tragédias na vida de cada um, também podem ser consideradas. 

          Nossas delícias, pecados, poesias, dores e paixões, podem estar ocultas em nossas memórias, e cada questão a ser considerada, conta uma estória.  E todas essas estórias podem resultar em um livro com centenas (ou milhares) de contos sobre a nossa vida em particular. 

          Mas, estou certo de que você e eu não nos sentiríamos à vontade, em tornar público as nossas memórias, através de um livro dramático ou tragicômico, mas confidencioso.  Bem, é claro que isto é apenas um pensamento, um devaneio, porque tudo está latente em nossa consciência.  E usando a retórica verbal da psicóloga Raíssa, VOCÊ é o responsável por todos os seus segredos.  Somente Deus nos conhece e se lembra de tudo que fizemos e continuamos fazendo, "colecionando estórias".  É como se Ele tivesse um livro da nossa história em suas mãos.

          Para finalizar, Percy Faith: THEME FROM A SUMMER PLACE.  Essa música nos remete ao divinal, observem:

There's a summer place
Há um lugar de verão
Where it may rain or storm
Onde pode chover ou trovejar
Yet I'm safe and warm
Mas eu estou seguro e aquecido
For within that summer place
No entanto naquele lugar de verão
Your arms reach out to me
Seus braços me alcançam
And my heart is free from all care
E meu coração está livre de todos os cuidados
For it knows
Para saber

There are no gloomy skies
Não há céu sombrio
When seen through the eyes
Quando visto através dos olhos
Of those who are blessed with love
Daqueles que são abençoados com amor


CRÔNICAS KÖHN