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JOÃO CAPITÃO DE BIGODE


João Bobo

          "João Bobo" significa tolo, bobo ou influenciável.  Um João bobo é alguém ignorante, de quem é tirado proveito e sobre quem são feitas chacotas ou picardias.  É também o nome de um pássaro do Nordeste, conhecido como "João Capitão de Bigode".


          Vou contar mais uma estória do João (verídica).  O camarada João, veio para Resende-RJ, para "assumir" a participação em uma sociedade, a qual de fato e de direito, pertenceria ao irmão dele, um empresário que tinha vários negócios na Praça do Rio de Janeiro-RJ. 

          Vou contar essa estória sem aprofundar nos detalhes, porque é muito complicada, tal como um monte de linhas embaraçadas de um novelo.  No meio existem nós cegos, pontas de linhas de todas as cores, enfim, é muito difícil desembaraçar (ou explicar). Vamos à estória;

          O aludido empresário (irmão do João), entrou com um Capital (em dinheiro vivo), para que dois outros empresários, amigos dele, investissem em um negócio.  E assim foi feito, mas o empresário, dono do dinheiro vivo, ficou de fora da sociedade legalmente constituída (talvez tivesse apenas um "contrato de gaveta"), não sei. 

          Como seus negócios se concentravam na Praça do Rio de Janeiro, o João irmão dele (bobão metido a esperto), ficou representando o Capital do mano, investido numa Empresa em Resende-RJ. O João assumiu então, a direção de um dos departamentos da Empresa. 

          A Empresa tinha um faturamento, digamos, substancial.  Mas, quem nunca comeu melado, quando como se lambuza, diz um ditado.  E o João nunca tinha "comido".  Um tipo assim, isto é, um pobre quando "enrica", fica sempre, na maioria das vezes, se achando o tal e querendo esnobar os outros. 

          O João, pensou que estava rico, usando o dinheiro da Empresa do irmão a seu bel prazer.  Comprou um carro de luxo;  comprou um apartamento de cobertura no centro da cidade;  móveis caríssimos, e comprou outra Empresa no ramo de transportes;  torrou dinheiro com a mulherada, além de outras extravagâncias. Tudo isso sem ter o "pé no chão" (além de bobo, era burro).

          E, como não poderia deixar de ser, ele se endividou de tal maneira por negócios mal feitos, que acabou sofrendo um "arresto de bens" por parte da justiça.  E os processos de "busca e apreensão" começaram a pipocar na vida do João. 

          Resumo da estória:  o João ficou sem nada, e para complicar ainda mais a sua situação, desentendeu-se com a sociedade e levou um baita de um "ponta pé", caiu de "Bunda no Chão"
Acho que o MC Kevinho se inspirou no João, e fez esta música, ouçam (no Video):



       

APRESENTAÇÃO 2


Passa Quatro

          AOS LEITORES - Este Blog é dedicado a todos aqueles que apreciam estórias simples, espirituosas, instrutivas, verídicas ou não, e que possuam assim um "soft power" (poder suave de fazer bem ao nosso espírito. "O tato consiste em saber até onde podemos ir". Essa é a intenção.


          Todas as estórias aqui são escritas em forma de crônicas, ou seja, estórias breves, narradas de forma bem humorada, e que reflitam fatos da nossa vida cotidiana.  Sempre que possível, algumas frases serão dirigidas ao leitor, na sincera intenção de falar ao seu coração.  É meu desejo que todos tenham vida, e não só trabalho.

          "Cumpre falar com simplicidade das ideias complicadas e com sutileza das ideias simples".
                                                                                             (Jean Cocteau)

AMIGOS DE PASSA QUATRO-MG
          Já faz bastante tempo que saí da minha bucólica cidade de Passa Quatro-MG, deixando lá muitos amigos. Mas eles não foram esquecidos. Tanto a minha querida cidade, bem como estes amigos, sempre estiveram em minhas lembranças.

          Hoje, graças ao avanço da nossa tecnologia eletrônica, posso encontra-los novamente através do Facebook (uma fantástica ferramenta para encontrar e fazer novos amigos).  Assim, eu apresento nesta página, uma pequena ilustração de alguns desses amigos de Passa Quatro.
Sidnei Guedes, Floramante Giglio, Angela Marcondes, Julia Maria, Afrates Jr,,  Cesar Analio Luis Fernando, Claret Esteves, Waldir Moraes, Graciano Lopes, João Luis, Teobaldo Cavalcanti. - Todos esses amigos podem ser encontrados no FACEBOOK.

AMIGOS DE RESENDE-RJ
          Em Resende-RJ, onde resido atualmente, tenho também muitos amigos, que com muito apreço, faço igualmente uma pequena ilustração.  Digo pequena, porque tenho muito mais amigos, tanto em Passa Quatro como também em Resende, e gostaria de coloca-los todos aqui, mas enfim, todos estarão sempre presentes em minhas lembranças.
Quadro de amigos
Luis Henrique, Daniel de Oliveira, Renata Oliveira, Sezar Sasson, Ana Paula, Vera Cianelli, Marco Aurélio, Luciano Alves, Ana de Souza, Lucia Garcia, Hebe P.L. Almeida, Fernanda Lisboa. Todos esses amigos poderão ser encontrados no FACEBOOK.
Amigos







O JOÃO TEIMOSO


João Bobo

          O chamado João Bobo, ou também João Teimoso, é um brinquedo de criança (boneco), normalmente representado por uma figura humana.  E por mais que leve tombo insiste em continuar em pé.  É assim que funciona o brinquedinho, mas tem gente que age exatamente como tal. Vou contar essa estória.


          Eu tinha um amigo que se chamava João.  Mas ele era bobo demais.  Tão bobo que pensava que seus amigos é que eram bobos.  Mas o João também era algo contraditório.  Não sei se era "bipolar"ou "esquizofrênico".  Porque ora se apresentava como um perfeito "bobão", ora tinha momentos de lucidez. Nos seus momentos de lucidez, até fazia muita gente de bobo.

          Quem não conhecia bem o João, caia na us lábia, na sua falácia, no seu xaveco, na sua enrolação. (Ele também era tudo isso junto)  Mas depois, acabava se enrolando nas suas próprias enrolações (ou mentiras).  Não adianta, "Burro velho não recebe ensinamento".

          Mas até que essa qualidade do João (de bobão), está me servindo de alguma coisa.  Suas comédias, estão servindo de argumentos para minhas estórias.  Neste caso, vou falar só um pouquinho, das suas bobeiras, ou das suas imbecilidades. 

O TÍTULO DE CIDADÃO.
          Certa vez, o João ganhou um "Título de Cidadão", de uma determinada cidade.  Ele achou que aquilo era o máximo, "arrebentando a boca do balão"... Em qualquer oportunidade ele se auto apresentava: "Eu sou o João de tal, e tenho título de cidadão desta cidade" e. etc, etc...

          Para ir numa repartição pública qualquer, para resolver algum "probleminha", ele também se apresentava: "Eu sou o João de tal, e tenho o título de cidadão desta cidade"... e achava que por essa apresentação, deveria ser atendido com toda cerimônia que merecia.  As pessoas olhavam, não falavam nada, mas sacavam que estavam diante de um "João bobo".

          Certo dia, ele foi mais ousado: adentrou na Prefeitura dessa tal cidade que lhe dera o "título de cidadão", e foi falar com o Prefeito.  Não sei dizer qual era sua pretensão, mas certamente foi pleitear alguma coisa em benefício próprio, achando-se possuidor de uma grande honraria.

          Não sei dizer também como o Prefeito o recebeu, mas sei o que o João argumentou:  "Mas eu sou o João de tal, tenho o título de cidadão desta cidade e..."  Se deu mal o João. pois o Prefeito que não era bobo nem nada e ainda por cima meio "casca grossa", lhe respondeu:  - "Esse seu título não vale nada!" - NÃO? - Não, pode jogar fora . Isso não serve pra nada"

          Foi um balde de água fria no João.  E pelo jeito, também não conseguiu nada na Prefeitura. (O próprio João, num momento de descuido de sua parte, me contou que o Prefeito lhe dissera que o seu "título" não servia para nada).

O BEM RELACIONADO.
          O João conhecia tudo quanto era diretor ou presidente das Empresas Estatais, Multinacionais, Sociedades, etc.  Ele dizia que "conversava" com todos esses homens importantes, mas mesmo com esse seu "pseudo conhecimento", não conseguia sequer uma colocação para o seu próprio filho. 

          Essa bobeira do João funcionava assim: quando a gente conversava com ele sobre um assunto qualquer, relacionado a essas grandes empresas, primeiro o João ouvia atentamente a conversa.  Depois, tomava o assunto como sendo de seu domínio, ainda acrescentava, dando-se ares de grandeza: - "Eu conversei com o presidente dessa Companhia Estatal"... e coisa e tal...

          O João sempre agia dessa forma. Inúmeras vezes suportei suas falsetas. Ele sempre "conhecia" as figuras mais importantes . Só que o seu erro, era pensar que os outros (seus interlocutores), eram todos idiotas, que acreditavam nas suas falácias.  Engano seu.

          Na gíria, a gente diz assim "me engana que eu gosto".  Masa existe outro pensamento que diz o seguinte: "Aquilo que você é, grita tão alto que eu não consigo te ouvir".  Em outras palavras, este pensamento também pode-se dizer: "Você é tão bobo, que eu não consigo acreditar em você". 

          A minha avó já dizia: "todo João é bobo, todo Pedro é louco".  Naturalmente, que não vamos interpretar ao "pé da letra", essa frase da minha avó.  Eu tenho amigos com o nome de João que são muito inteligentes, e não têm nada de bobeiras.  Mas de um modo geral, minha avó tinha razão.

          Basta a gente observar; existem muitos indivíduos com esses nomes, que têm assim um "que"  de bobeira ou de loucura.  Mas isso não é de hoje.  O Dramaturgo, William Shakespeare, que viveu lá pelos anos de mil quinhentos e tal (não sei ao certo), escreveu: "Um homem inteligente pode transformar-se num João-bobo, quando não sabe valer-se de seus recursos naturais."

          É verdade, e estas são apenas uma das estórias do nosso João, que teimava em ser bobão. Até a próxima.

       

O CANGURU


estória do Zé

          Já contei a estória do Zé, aquele garoto de 16 anos, que ao ver o mar pela primeira vez na vida, pensou que a Baia da Guanabara, vista da Ponte Rio Niteroi, fosse um enorme açude.  Masa agora, vou contar outra estória do Zé.  Como eu disse, ele trabalhava numa empresa de ônibus, em Resende-RJ, onde não raro, organizavam-se excursões para as praias do Rio de Janeiro.


          O Zé, era freguês de carteirinha, dessas excursões.  E na empresa, havia um motorista bonachão, que sempre dava gostosas gargalhadas achando graça na piada mais sem graça que lhe contassem.. Pois bem. Certa vez, esse motorista fora escalado para uma viagem à Barra de Guaratiba. Nem seria preciso dizer, que o Zé não perderia a oportunidade de conhecer mais uma praia, além da outra que ficara conhecendo, ou seja, na sua primeira viagem à praia de Itaipu.

          Aquele garotão, o Zé, estava numa fase feliz da sua vida, descobrindo um mundo novo, muito diferente da provinciana São José do Barreiro, sua cidade de origem, e de todas as suas lembranças.  Finalmente, no dia marcado, bem cedinho, a excursão partiu de Resende com destino à Barra de Guaratiba. 

          Lá chegando, o grupo de excursionistas se dispersou.  Cada qual procurou um lugar para ficar, ao longo da imensa orla marítima. O Zé, apesar de curtir a praia, tratou de manter-se próximo do motorista, pois este era o companheiro de viagem que ele conhecia melhor, já que trabalhavam juntos, na mesma empresa. 

          Aproximando-se a hora do almoço, o Zé e o motorista tiveram que procurar uma lanchonete.  Eles não haviam levado lanche, nem frango, nem farofa, como faziam aqueles excursionistas prevenidos, em sua maioria. 

          Na lanchonete, os dois companheiros sentaram-se em torno de uma pequena mesinha de bar, e o motorista pediu uma meia cerveja.  O Zé não sabia o que pedir, mas também não queria dar a impressão de um "marinheiro de primeira viagem", pedindo comidas que certamente não lhe serviriam naquela moderna lanchonete. 

          O motorista, no entanto, fez uma pergunta bem oportuna:
          - O que você vai comer, Zé?
          - Não sei... e você, colega, o que você vai comer?
O motorista responde:
          - Olha Zé, acho que vou comer apenas um "bauru"...
O Zé aproveitando a "deixa", mais do que depressa, faz o seu pedido:
          - Garçom, eu também vou de Canguru...!

          ...No exato instante em que o Zé saiu-se com essa "pérola", o motorista que já levara à boca uma golada de cerveja, não aguentou:  tomado de um acesso de riso, sem poder engolir a cerveja, estufou suas enormes bochechas, e não deu outra, devolveu a golada de cerveja pela boca e pelo nariz, num jato sob pressão, que inundou a pequena mesinha do bar. 

          Ainda meio engasgado, mas aliviado, o motorista finalmente soltou uma ruidoda gargalhada pelo "mico", que o incauto Zé, passou naquele momento.
Olha, que eu já vi gente "montar num porco", mas canguru... KA, KA, KA, essa é boa.
Montar no Canguru



A ESTÓRIA DO ZÉ


Nascido e criado em São José do Barreiro

          O Zé foi nascido e criado na pequena cidade de São José do Barreiro, Estado de São Paulo.  Até a idade de 15 ou 16 anos, ainda não conhecia outro lugar.  Criado pelos avós, por haver perdido os pais muito cedo, a infância do Zé, também foi como a de muitas crianças pobres, de família humilde, sem alimentar grandes sonhos.


          A felicidade para ele consistia no convívio com os outros moleques da sua idade, e fazer aquelas molecagens inocentes que todas as crianças do interior gostam de fazer: gazetear no horário da escola para roubar frutas nos quintais de famílias abastadas, ou se juntar em grupinhos para tomar banho de rio, pelados, para não molhar a roupa, e, portanto, não apanhar quando chegassem em casa.

          O lugar preferido pelos moleques para natação, era um pequeno açude, mas para eles, era o máximo em volume d'água.  Mas, como toda criança pobre, pelo menos naqueles bons tempos "que não voltam mais",  ao atingir a idade de mais ou menos 16 anos, o Zé precisava se virar para ganhar a vida e ajudar a família. 

          Ainda mais, porque o Zé era parrudão, aparentava ter mais idade do que realmente contava e seria um desperdício não aproveitar a energia daquele moleque para trabalhar.  Mas naquela época, em São José do Barreiro, cidadezinha provinciana, não havia muito que fazer.

          Então o Zé teria que partir para Resende-RJ, uma cidade próxima, onde ficaria na casa de algum parente.  E foi assim, que o Zé deixou para trás, o único lugar que ele conhecia até então.  Mas foi contente, pois lhe agradava o sonho de uma nova vida em uma nova cidade.  Para ele, tudo o que era novo e desconhecido o fascinava.

          O primeiro emprego do Zé em Resende foi como cobrador de ônibus.  Isso foi lá pelo ano de 1970. Naquele tempo, os cobradores de ônibus eram todos molecotes com idade em torno dos 14 ou 15 anos. Bons tempos.  Mas na Empresa, os patrões também viram no Zé, uma especie de desperdício, isto é, um "molecão" daqueles, bem desenvolvido fisicamente, era um forte candidato para uma função em que se precisava de força bruta.

          Assim, não demorou muito, o Zé foi promovido a ajudante de mecânico.  Na oficina da Empresa, o Zé desmontava pneus de ônibus na base da marreta: não havia como hoje existem, máquinas que facilitam a desmontagem de pneus.  Tudo era feito na base da brutalidade.  E o Zé, até que se deu bem no emprego; trabalhador, tudo para ele era novidade, já que até aquele momento não conhecia outra cidade.
O  AÇUDE: Mas na Empresa onde o Zé agora trabalhava, não raro, organizavam se excursões de ônibus para as praias do Rio de Janeiro, tais como Recreio dos Bandeirantes, Grumari, Muriqui, entre outras.  E o Zé descobriu então nessas excursões, a chance de conhecer outras paragens que não conhecia até então. Ele queria conhecer cidades muito além de Resende, e não apenas por "ouvir dizer"; queria conhecer de fato.

          E a oportunidade se apresentou, num certo dia.  A primeira viagem do Zé, para além do seu "território", seria com destino à praia de Itaipu, em Niterói.  O Zé, todo feliz, estaria participando pela primeira vez de uma longa viagem, juntando-se aos chamados "farofeiros", numa excursão para a praia. 

          E assim aconteceu: no dia marcado, o Zé juntamente com os demais excursionistas seguiu na sua esperada viagem num ônibus fretado pertencente àquela Empresa onde o Zé trabalhava.  Durante todo o percurso estrada afora, o Zé permaneceu em pé no ônibus, ao lado do motorista; ele queria apreciar a paisagem, já que tudo era novidade para ele. 

          O Zé não queria perder nenhum detalhe, nenhuma vista, e o amplo para-brisa dianteiro do ônibus, proporcionava essa visão panorâmica; da estrada, das montanhas, das cidades.

          E eis que finalmente, o ônibus passa pela cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, e não foi, senão quando, na travessia da Ponte Rio-Niterói sobre a Baia de Guanabara, o Zé, que nunca havia visto tamanha quantidade de água, exclamoun estupefato: - "NOSSA !  QUE AÇUDE GRANDE, QUE BRUTA LAGOOOONA !!!"

          Pobre Zé, o seu mundo era tão pequeno, que a Baia de Guanabara lhe fazia crer que estava diante de um enorme açude, "parecido" com aquele lá de São josé do Barreiro (???!! Ora vejam só...) Mas, aquelas lembranças de outrora, simples frivolidades, aos poucos se tornariam insignificantes para ele, já que agora estava tendo a oportunidade de conhecer as exuberâncias de um novo mundo!

          E a praia de Itaipu causou uma espécie de êxtase, no coração simplório do Zé: ETA MUNDO GRAAAANDE, SÔ !  NUNCA VI  TANTA ÁGUA  NA  MINHA VIDA !

CRÔNICAS KÖHN