Guilherme Köhn |
Quero crer que todos conhecem e sabem de cór, a oração do Pai Nosso, pois é a oração mais conhecida do cristianismo. O "Pai Nosso", encontra-se na Bíblia (Novo Testamento), no Evangelho de Mateus, 6: 9-13, e faz parte do Sermão da Montanha, de Jesus Cristo. Pertinente ao nosso tema, vou destacar apenas um trecho dessa oração que diz assim: "perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido..."
Significa essa oração, mormente essas palavras, uma súplica e uma promessa. Pedimos perdão a Deus pelas nossas ofensas e voluntariamente fazemos uma confissão, ou seja, colocamos uma 'sentença' sobre nós mesmos, de perdoar aquele que eventualmente nos ofendeu.
Muito bem, essa apresentação é fácil de entender. Agora, vamos supor que uma pessoa muito alterada, nervosa e histérica, diga o seguinte: - Eu nunca o perdoarei! Só os fracos perdoam! Muitas pessoas agem assim; são radicais, intransigentes na forma de pensar. O rancor, é um sentimento negativo, mas por que pessoas agem assim?
Bem, eu não sei, cada um tem o seu "modus vivendi" que desconhecemos. Eu penso que lhes falta um sentimento religioso, falta uma fé religiosa. Só pode ser isso, creio. Não devemos ser assim. Jesus ensinava a importância de perdoar, através de uma parábola (uma história alegórica contada para explicar uma verdade complexa). Essa parábola encontra-se em Mateus, capítulo 18, versículos 21 a 35: Vamos pois, resumir essa história bíblica:
"... ... Então Pedro dirigiu-se a Jesus perguntando: "Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?" Jesus respondeu: "Eu lhe digo: não até sete, mas até setenta vezes sete!" E acrescentou: - "O Reino dos Céus pode ser comparado a um rei que resolveu ajustar contas com seus servos. Quando começou o ajuste, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Como o servo não tivesse com que pagar, o senhor mandou que ele, sua mulher e seus filhos e tudo que possuía, fossem vendidos para pagar a dívida.
O servo porém, prostrou-se diante dele pedindo: - "Tem paciência comigo, e tudo te pagarei". Diante disso, o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida. Ao sair dali, aquele servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Ele o agarrou e começou a sufoca-lo dizendo: - "Paga o que me deves". O companheiro se atirou ao chão e suplicava: - "Tem paciência, e eu te pagarei".
Mas o servo não quis saber. Saiu e mandou lança-lo na prisão até que pagasse o que devia. Quando os outros servos, companheiros dele, viram o que havia acontecido, ficaram muito sentidos e foram contar ao senhor o que havia acontecido.
Então o senhor chamou o servo e disse: - "Servo malvado, eu te perdoei toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias também ter misericórdia para com teu companheiro, como eu fui misericordioso para contigo?" E o senhor se irritou e mandou entregar aquele servo aos carrascos, até que pagasse toda a dívida. Assim pois, vos tratará meu Pai celeste, se cada um não perdoar de coração aos seu irmão".
COMENTÁRIO:
Essa história sobre o perdão, bem como outros ensinamentos de Jesus, basicamente ele nos ensina como o Universo funciona (usando uma linguagem moderna). Resta-nos procurar entender e cumprir a nossa missão nesta encarnação terrena, de acordo com as leis de Deus.
Perdoar, não é um "bicho de sete cabeças". Perdoar uma pessoa que nos tenha causado algum mal, não significa que temos que gostar dessa pessoa. Até porque, humanamente não somos obrigados a gostar de ninguém, ou seja, daquele que não esteja irmanado conosco em simpatia ou empatia. Basta apenas que em nossas orações, manifestemos o nosso perdão pelo que tenha acontecido. Vale também, ler algumas palavras de sabedoria da Bíblia, para aliviar nosso ressentimento. Agindo assim, aos poucos as contendas serão esquecidas e teremos cumprido a nossa 'sentença' prometida na oração.
Pode acontecer também, que tenhamos sentimento de culpa ou remorsos que pesam em nosso coração devido a falhas do passado, lembranças desagradáveis, enfim, fatos que deixam a gente numa espécie de escravidão de nós mesmos. Nesse caso, temos que perdoar a nós próprios, pois Deus, na sua bondade infinita já nos perdoou.
Vou transcrever algumas palavras do Padre Fábio de Melo, que nos fala desse assunto: "Perdoando a si mesmo":
"... ... Vou experimentar o perdão de Deus na minha vida, à medida em que eu me perdoo, em que eu perdoo os outros e sou perdoado pelos outros. Às vezes você já confessou tantas vezes um pecado; Deus lhe perdoou, tenha certeza disso. Agora, o processo é o seu "dever de casa", é aquilo que você remove dentro do seu coração como culpa.
O pecado não é um problema para Deus, mas é um problema para nós, porque nós é que temos que conviver com as nossas fragilidades o tempo todo. Perdão pela falta de reconciliação com a gente mesmo, então é um processo que a gente tem que cuidar todos os dias.
Então eu preciso me reconciliar com o meu passado, com os meus erros, e eu preciso de misericórdia com aquele que nos ofendeu, que nos machucou. Tudo isso é "dever de casa" que nós praticamos para experimentarmos o perdão de Deus na nossa vida". (Pe. Fábio de Melo)
FINALIZANDO:
E, para finalizar, uma frase bíblica: "Se o nosso coração nos acusa, Deus é maior que o nosso coração e tudo conhece. Amados, se o nosso coração não nos acusa, podemos dirigir-nos com confiança a Deus. E qualquer coisa que pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é do seu agrado". (1 João, capítulo 3 versículo 20).
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